sábado, 26 de abril de 2014

Lamento ter nascido.

Quanta tempo passou desde que nasci,
vinte e poucos talvez,
cansado de tudo isso,
perdido em tudo isso.

Tenho acordado no mesmo horário sempre,
desde que pude carregar minha primeira caixa,
desde que pude beber meu primeiro gole,
desde que passei fome,
desde que vi que eu não era livre.

Me matei aos poucos pra entrar por uma porta,
dei meus dias de vida por papel,
por um prato de comida,
e nenhum sorriso de volta.

Vi na TV o progresso do país,
vi o quanto somos felizes,
vi o quanto somos bondosos.

Mas eu não entendo o porque,
de eu ser deste país,
e não rir daquela maneira,
de não receber a aquela bondade,
de não ser afetado pelo progresso que tanto falam.

Quanto amor pregado pelo mundo as minhas custas,
quanto vazio propagado nesta terra,
quantas vidas perdidas nessa guerra sem fim
quantas palavras,
palavras,
palavras,
palavras,
palavras,
palavras que não dizem nada.

Jaula

Uma complexa rede de vazios, nos transformamos em monstros, você nem precisa perceber diretamente mas pare pra observar quantas pessoas ao seu redor vagam pelo mundo seguindo cegamente padrões, vagam pela vida tentando ter ao invés de fazer, ao invés de viver. Matamos a cada dia pessoas por sermos ignorantes ao achar que o que importa é dinheiro ou sexo, as pessoas que se danem, a vida que se dane. Perpetuamos aquilo que nos agonia por permitimos sermos os seres tristes e vazios de cada dia, sorrimos para não passarmos uma má impressão, conversamos coisas banais para não expormos quem somos por pura vergonha, somos todos loucos, de verdade, enlouquecidos por este mundinho medíocre que criamos, um mundo que não merecemos, um mundo sujo, repleto de gente vazia perdidas na escuridão, perdida em maus valores, perdidas nos pequenos números ao redor, perdidos nas ilusórias escolhas, nas vidas que ninguém nunca terá, no final, bem no final, 95% se arrependerá de todos os males que fez, se arrependerá de não ter vivido intensamente, se arrependerá de viver vazio sem se preencher de algo que deixasse feliz mais do que alguns segundos, se arrependerá de não ser o melhor do que pudesse ser.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Por mera consciência, quando se acorda não se encontra muitas vezes motivos para se ter esperança, dedilhando com um lápis uma folha de papel na esperança de achar algo naquela folha, naquela imensidão branca. Esperando o dia passar em meio as penumbras cotidianas, numeradas em escalas, e horários, ao som de uma marcha mal composta que toca os dois minutos e treze segundos várias vezes ao dia, inebriado por uma esperança que não existi, aproximado de indivíduos que não se sabe se querem o bem ou o mal, a noite dedilhando teclas na procura de uma boa conversa, trocando farpas e carinhos duvidosos, flagelando ao ver a vida de outros indivíduos irem mais rápido que a sua, lutando por uma republica que nunca existiu. Por curiosas lendas que vivem em cada canto, aniquila-se a vontade de viver, ao ver os lobos brigando, malditos lobos perdidos, a cria se liga a sua interna capacidade de criar mundos, mundos não compreendidos. Mundos guardados em gavetas.Amanhecer sangrento, mentes vazias, corpos vagantes, assustadoras pessoas modernas. Fomos para a vala cara companheira, sem fim e sem começo.